Resumo O declínio cognitivo (DC) é um problema comum na esclerose múltipla (EM), mas sua identificação é complexa, por vezes sendo omitida na avaliação de rotina pelos neurologistas. O BICAMS é uma bateria breve de testes neuropsicológicos que visa superar tais dificuldades. No entanto, uma possível subjetividade no sistema de pontuação do BVMT-R, um dos seus componentes, é um ponto frágil desta ferramenta. Objetivo: Avaliar a confiabilidade do BVMT-R em pacientes portadores de EM, aplicado e aferido por neurologistas. Métodos: Os testes do BICAMS foram administrados a setenta indivíduos, quarenta pacientes portadores de EM e trinta controles saudáveis. No grupo de pacientes com EM foram calculados os coeficientes de concordância dos resultados entre três diferentes avaliadores e a consistência interna do BVMT-R. Também foram calculados os coeficientes de correlação do BVMT-R com os demais testes componentes do BICAMS e seus respectivos tamanhos de efeito. Resultados: O BVMT-R apresentou um coeficiente de concordância entre examinadores moderado (k=0,62), um excelente Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC=0,85) e uma alta consistência interna (α=0,92). A correlação entre o BVMT-R foi moderada (CVLT II: ρ=0,36; p<0,025) ou forte (SDMT: ρ=0,60; p<0,01), com grande tamanho de efeito. Conclusão: O BVMT-R é um instrumento confiável para avaliar o DC na EM, apresentando uma associação significativa com a velocidade de processamento da informação, o que deve ser considerado na interpretação de seus resultados.

Abstract Cognitive Impairment (CI) is a common and distressing problem in Multiple Sclerosis (MS). Its identification is complicated and sometimes omitted in the routine evaluation by neurologists. The BICAMS (Brief International Cognitive Assessment for Multiple Sclerosis) is a promising tool to overcome this difficulty. However, there is some concern regarding the subjectivity in scoring of the BVMT-R (Brief Visuospatial Memory Test - Revised), one of its components. Objective: To evaluate the reliability of the BVMT-R in a sample of Brazilian MS patients, with the measure being administered and scored by neurologists. Methods: BICAMS was applied to seventy subjects comprising forty patients diagnosed with MS and thirty healthy controls. In the MS patients group, the coefficients of agreement between three different raters, using the same protocols, and the internal consistency of the BVMT-R were assessed. Also, the coefficients of correlation of the BVMT-R with the other tests of the BICAMS, CVLT II (California Verbal Learning Test II) and SDMT (Symbol Digit Modalities Test), and their respective effect sizes were calculated. Results: the BVMT-R presented a moderate inter-rater coefficient of agreement (k=0.62), an excellent Intraclass Correlation Coefficient (ICC=0.85), and high internal consistency (α=0.92). The correlation between the BVMT-R and CVLT II was moderate (ρ=0.36; p<0.025), but strong with the SDMT (ρ=0.60; p<0.01), with a large effect size. Conclusion: The BVMT-R is a reliable instrument for assessing CI in patients with MS, having a significant association with information processing speed, an aspect which should be considered when evaluating its score.